terça-feira, junho 22

não nos deixemos morrer.

Morre lentamente quem não viaja,


quem não lê,

quem não ouve música,

quem não encontra graça em si mesmo.



Morre lentamente quem destrói o seu amor-próprio,

quem não se deixa ajudar.



Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,

repetindo todos os dias os mesmos trajectos,

quem não muda de marca,

não se arrisca a vestir uma nova cor

ou não conversa com quem não conhece.



Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.


Morre lentamente quem evita uma paixão,

quem prefere o negro sobre o branco

e os pontos sobre os "is"

em detrimento de um redemoinho de emoções

justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos

dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.



Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho,

quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,

quem não se permite pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos.


Morre lentamente, quem passa os dias queixando-se

da sua má sorte ou da chuva incessante.


Morre lentamente, quem abandona um projecto antes de iniciá-lo,

não pergunta sobre um assunto que desconhece

ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.



Evitemos a morte em doses suaves,

recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior que o simples facto de respirar.


Somente a perseverança fará com que conquistemos um estágio esplêndido de felicidade.


Pablo Neruda

2 comentários:

Unknown disse...

LINDISSIMO e puramente verdadeiro
<3

Menina do Norte disse...

So, so... true!

Um Beijinho*